15 de fevereiro de 2011

Sarcasmo Sincero.

Suspiro lento e sorriso irônico.

― Há quanto tempo, Raktavash.
― Pois é.
― Hoje é a trabalho.
― Faça-o bem feito, então.
...
― Fuma?
― Não muito.
― Bebe?
― O suficiente.
― Conceito de ser humano?
― Lixo.
― O que é amor para você?
― Não posso responder. Nunca senti.
― Ódio?
― Também não.
― Prazer?
― Passado. Disfarço com meus vícios.
― Um gênio?
― Albert Einstein... Ou Adolf Hitler.
...
― Uma bebida?
― Vodka.
― Um personagem?
― Coringa.
― Por que matou o homem com quem estava compromissada?
― Não queria vê-lo sofrer.
― Se odiava tanto seus pais, por que não os matou?
― Eles não merecem o privilégio de morrer tão cedo. Têm que sofrer mais.
...
― Diagnóstico de sempre.
― Já imaginava.

Levantou-se e deu as costas para ele. Suas algemas estavam abertas, o sorriso novamente em seus lábios e o sangue em suas mãos.

14 de fevereiro de 2011

Escárnio Doente.

ㅤㅤPude sentir os olhos pesados e a cabeça girando ao repousar o copo vazio sobre a mesa, tendo a leve impressão de que ele caíra ao lado de uma garrafa mais vazia ainda. Recostei o corpo no sofá enquanto acendia mais um cigarro e o abandonava entre os lábios, soltando sua fumaça lentamente e sentindo meu corpo apodrecer-se mais a cada instante. Suspirei e passei as mãos por entre os fios de cabelo. Já estava cansada de tudo aquilo.
ㅤㅤDespertei com os raios de luz que atingiam meu rosto e cegavam meus olhos. Minha cabeça parecia pesar mais que todo meu corpo, mal podia raciocinar. Porém, aquelas risadas ao fundo permaneciam, me irritavam, me acompanhavam. Eu poderia aceitar perfeitamente se tudo fosse uma mera ilusão, se tudo isso houvesse sido feito apenas para que possam rir de mim, mas você não. Você não podia ser uma mera ilusão. Todas as vezes em que pensava nisso, as risadas tornavam-se gargalhadas, e minha podridão interna e externa aumentava.
ㅤㅤSubitamente, senti toda a bebida do dia anterior subir por minha garganta e espalhar-se pelo chão. As risadas ecoavam como em quase todas as manhãs, onde isso sempre acontecia. Percebi que era melhor eu rir da minha própria desgraça e gargalhei junto a eles, que gargalhavam mais e mais. Eu sabia que não passava de um lixo e que minha vida era uma mentira, há muito tempo. Ironicamente critico os hipócritas, contudo estava sendo mais hipócrita do que todos eles. Me senti como num jogo, mas não podia desligar o vídeo-game e ignorar tudo aquilo. Com um sorriso nos lábios, puxei mais uma garrafa e um maço de cigarros. Assim eu me tornaria mais podre, e estaria honrando o título sujo de "ser humano".