23 de julho de 2011

Putrefação.

ㅤㅤA fumaça apodrece meu pulmão, o álcool fode meu fígado, o pó e a maconha envenenam meu cérebro e tudo isso diminui o tempo no qual vagarei lentamente como um fantasma na multidão de lixo ambulante, esticando os lábios para moldar um sorriso artifcial, me camuflando e fedendo junto daquela degeneração eterna. Tudo passa devagar, dias parecem anos, minutos se arrastam e eu só consigo rir quando esqueço de tudo. Rio de nada.
ㅤㅤNão tenho motivos para me esforçar, ganhar dinheiro e conforto. Amigos de horas felizes. Logo serei comida de vermes embaixo da terra, junto com aquele lixo com que convivi. Seus papeis continuarão aqui só pra seduzir outros. Estaria bem se esse fosse o final da degeneração. O extermínio, afinal.
ㅤㅤRealmente não me preocupo se tenho saúde ou não. Aquela sensação de apodrecimento interno me faz sorrir. Já vocês... Sejam industrializados. Mostrem seus códigos de barra e deixem que te comprem. Foda quantas gostosas fúteis quiser, dê pra quantos riquinhos você achar melhor. Sejam todos iguais. Sejam nada.
ㅤㅤTerminarei de apodrecer sozinha, e por conta própria. Pude deixar de ser fabricada, é o bastante. E, cá entre nós... Apodrecerei feliz porque me dei conta... Mas mais feliz ainda por saber que vocês não alcançaram e nem alcançarão isso.
ㅤㅤApodreçam, e abracem seu dinheiro ao morrer. Foi ele que te tornou tão nojento.

7 de julho de 2011

Até logo.

Frankfurt, Alemanha, 2003.

ㅤㅤSua existência nem ao menos espreitava meus pensamentos quando ouvi seu nome como “o próximo que deveria morrer”. O destino é realmente uma coisa sarcástica e doente, não acha?
ㅤㅤÉ um pouco incômodo para mim o fato de você se entregar de tão boa vontade, sem apresentar o mínimo de resistência. O dinheiro se torna mais fácil do que já era e tira um pouco a essência e a satisfação de ver a vida indo embora, se esvaindo junto com o sangue. Mas que posso eu fazer se você prefere assim?
ㅤㅤReze para que seu maldito Deus o absolva de todos os seus pecados, já que acredita tanto nele. Descanse no calor do inferno e espere por mim. Eu não demoro.

Raktavash,
Kate.