30 de outubro de 2011

Sarcasmo Sincero, II.

ㅤㅤBocejo e olhos cansados.

― Acho que já sei do que falaremos hoje.
― Bom dia, Raktavash.
― Não gosto de formalidades. E esse não é meu nome.
― Tudo bem... Vamos direto ao ponto. Ficou sabendo dos casos de assassinato e incêndio, certo?
― Sim, li alguns arquivos e alguns jornais.
― O que você acha disso?
― Seja mais específico.
― Não acha desumano queimar pessoas vivas?
― Não.
― Você já fez isso?
― Sim.
― E como se sentiu?
― A morte é a mesma. Um tiro na cabeça, afogamento, estrangulamento, esquartejamento... Todos matam. Meios diferentes para um fim comum.
― Acha que tem alguma razão para o assassino ter escolhido essa forma de assassinato para todas as suas vítimas?
― Óbvio que há uma razão.
― Qual seria?
― Por que eu faria o teu trabalho?
― Por que não faria?
― Você está com meu caso em mãos há 4 anos e não foi capaz de resolver. Que credibilidade acha que tem?
― Você está presa. Que credibilidade acha que tem?
― Credibilidade o suficiente para fazer você vir aqui pedir a minha ajuda.
― ...
― Você está se tornando mais inútil a cada visita. Volte quando não estiver tão entediante. Não gosto de desperdiçar meu tempo.

ㅤㅤAs algemas continuavam abertas, o sangue continuava em suas mãos. Quatro anos na cadeia, quase cem vítimas. Todas mortas.

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