21 de novembro de 2011

Reminiscência acizentada.

ㅤㅤHá alguns anos, conheci um homem. Ou ao menos acredito que o conheci.
ㅤㅤEle sorria, conversava, articulava. Era muito interessante e dificilmente não se notava isso. Porém, mesmo o tendo visto há tão pouco, notei uma coisa: Apesar de todos aqueles sorrisos e simpatias das pessoas ao seu redor, ele nunca olhava nos olhos de ninguém.
ㅤㅤUm cumprimento, uma gentileza e uma conversa nunca foram o suficiente para ele. Muito pelo contrário, ele preferia esperar durante anos, conhecer aos poucos, realmente conhecer. Quando, então, ele acreditava ser o momento, apenas sorria; e invadia seus olhos, sua mente, seu todo.
ㅤㅤO céu já estava escuro quando nos sentamos à mesa do restaurante, naquele fim de sexta-feira. Pedimos pratos quentes enquanto ateávamos os Marlboros; o meu, vermelho; o dele, light. Não trocamos palavras enquanto a refeição não chegara. Apenas tragos.
ㅤㅤCom uma leve música ao fundo, brindamos o vinho, comemos e enfim conversamos um pouco. Na verdade, conversamos bastante. Tal conversa possuía tamanha fluidez que simplesmente não reparei como o tempo correu para longe de nós tão rápido. A despedida seria ao final dos cigarros. O último cigarro é sempre o mais amargo.
ㅤㅤUm abraço, quente como o primeiro e frio como o último, estigmatizou aquela noite. Por frações de segundo, imagino ter sentido sua invasão.
ㅤㅤO restante da noite se arrastou lentamente, amontoando pontas laranja no cinzeiro.
ㅤㅤEssa noite se passou há alguns anos. Apesar dos anos, acredito que o conheci.

ㅤㅤEram belos olhos castanhos.

Um comentário:

  1. adoro este seu texto. beijo grande do toze qe nao se esqeceu de si

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